Grupo de História das Populações

Investigadores Projecto Espaços Urbanos

 

Amorim e Correia, Maria Norberta e Alberto - Francisca Catarina (1846-1940) Vida e Raízes em S. João do Pico

Francisca Catarina nasceu em S. João do Pico em 26 de Novembro de 1846, na Rua da Estrada (depois Caminho Velho), na segunda casa que se segue à Canada de St. Antônio para o fim da freguesia, seguindo da Madalena para as Lajes. Atrás dela podemos localizar ascendentes de oito gerações, protagonistas da construção do espaço humano que a recebeu. À sua morte, aos 93 anos, em 21 de Março de 1940, conhecia já descendentes de terceira geração, para os quais deixariam de ser compreensíveis os constrangimentos do tempo que a submetera.

Constituiu para nós o desafio de partida contar a vida sofrida dessa mulher, vida que se enraizava na curta história de uma comunidade sujeita a cataclismos naturais que, sem enjeitar o sonho, aprendera a sobreviver numa terra tão avara quanto bela.

A reconstituição da paróquia onde nasceu e morreu Francisca Catarina e a sobrevivência de últimos informantes com vivências ou memórias do início do século XX facilitavam uma tentativa de aproximação entre disciplinas como a Demografia Histórica e a Antropologia. Um cruzamento interdisciplinar que se nos afigura natural mas que não deixa de apresentar sérias dificuldades metodológicas.

Optámos por dividir o nosso trabalho em três partes ou livros, seguindo da biografia para a genealogia para terminar no estudo da comunidade. O primeiro livro tem o texto de Alberto Correia e os dois outros foram escritos por Maria Norberta Amorim. Recorrendo a memórias orais e ao património construído em cruzamento com fontes escritas, os autores acompanham numa primeira parte o desenrolar da vida de Francisca Catarina.

Numa segunda parte, utilizando fundamentalmente os dados dos registos paroquiais, a investigação incidiu na recolha possível das raízes dessa figura central do trabalho, que designámos simplesmente por F.C., identificando os quadros familiares em cada geração, num percurso genealóqico descendente.

Numa terceira parte aborda-se a evolução da freguesia de S. João de meados do século XVII à primeira metade do XX, um espaço físico e social cujos contornos aparecem perspectivados, cruzando os dados da paróquia reconstituída com outros tipos de fontes escritas e orais.